Dia de irmos até o conjunto habitacional São José. Juntamente com a turma de Fabiana, cada equipe realizou entrevistas em um bloco para fazermos um levantamento de possibilidades de atuar com uma intervenção coletiva.
Minha equipe não encontrou nenhum obstáculo da parte dos entrevistados que encontramos. Pelo contrário, foram super solícitos em relação a contribuir com o projeto e demonstraram uma certa expectativa de que as informações coletadas possam, em algum momento, contribuir para a elaboração de melhorias na comunidade.
De forma geral, em nossas entrevistas, foram relatados alguns problemas em comum como o transporte público, a segurança, a disponibilização de água e a falta de lazer.
Até encontramos mais de uma quadra no espaço, mas sem a devida manutenção e incapaz de abarcar prática esportivas.
A distância do centro também foi apontada como obstáculo na rotina da população.
Eles demonstraram a vontade de ter mais espaços de lazer e convivência, mais segurança e agilidade para o deslocamento no transporte público e maior solidariedade entre eles.
Observamos esgoto a céu aberto, muita sujeira da própria população nas laterais das casas, muitos sacos plásticos, embalagens de salgadinhos, copos e etc. Fato que comprova a fala de alguns deles sobre a necessidade da própria comunidade contribuir com melhorias para a vida da população.
Existe um sentimento muito forte de gratidão pela conquista da casa. Ao questionarmos o nível de satisfação com o móvel sempre pontuavam que, de algum modo, lá era muito melhor do que o local de moradia anterior e que, por isso, não iriam dar uma nota tão baixa por conta de estarem felizes com a conquista da casa própria.
Um ponto muito interessante foi que no momento que colocamos o entrevistado num papel de protagonista de uma mudança concreta da população eles apresentavam muita dificuldade em pontuar meios de produzir melhorias para a comunidade. Em certa medida, imaginávamos que após pontuar sobre os problemas que apresentavam iriam facilmente citar soluções que desejavam para o conjunto habitacional.
Infelizmente, não tivemos a possibilidade de expor para algum jovem ou interessado em ingressar o ensino superior a nossa universidade. Logo, apenas pontuamos sobre a UFSB e indicamos aos moradores que falassem aos jovens sobre essa grande possibilidade de mudança (representada pelo ensino superior) que está ali tão próxima deles e que de, certa forma, ainda tão distante. Mas, que pode vir a ser após esse e outros projetos uma realidade mais presente na vida daquelas pessoas.
Outro ponto que achei relevante foi essa diferença entre teoria e prática. Em sala, fizemos a entrevista em 25 minutos. Outros colegas ainda conseguiram num intervalo de tempo bem menor. Mas, nós demoramos mais tempo. Uma meia hora e até mais um pouquinho por conta da dificuldade às vezes do morador de ser mais sucinto e também porque alguns queriam exemplos de respostas e precisávamos nos conter para não comprometer a qualidade da nossa pesquisa.
Enfim, foi uma manhã muito produtiva e a sensação que fica é o desejo de que tenhamos discernimento e a capacidade de elaborar bons caminhos para conseguirmos ajudar e acrescentar, de algum modo, melhorias na vida daquela população.
Créditos das fotos:
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