quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Entre passos lentos e rápido



  



As últimas aulas consistiram em mais reflexões acerca da meritocracia, do rápido crescimento populacional, nos últimos anos, e suas implicações nas sociedades. Além disso, comentamos sobre a questão carcerária. Assunto este de grande relevância social e ainda tão pouco discutido sobre possíveis  meios de promover mais dignidade aos detentos e buscar, de fato, promover a ressocialização e ajuda no retorno ao convívio social. Foi exposto o aspecto da possível privatização das cadeias brasileiras e tal fato levanta questionamentos acerca de representar ou não uma solução efetiva ou mais uma forma de angariar dinheiro da sociedade por meio de brechas legais e propícias a corrupção.

Na aula dinâmica,  nós, discentes, tivemos a oportunidade de contribuir mais ativamente na construção de conhecimento. Foram expostos dados referentes a desigualdade social revelando o quanto, ao longo da história, o poder se mantém nas mãos de poucos e o quanto as heranças e a péssima questão distributiva de impostos consolida os ricos como detentores do poder.
Foi abordada a globalização que permitiu conectar pessoas ao redor do mundo, trocar tecnologias e informação, mas que permite a persistência de desigualdades. Nesse contexto, destacou-se o papel dos EUA  na história que, após a Guerra fria, conseguiu atingir a hegemonia e tornou a sua língua e a sua cultura como preponderantes e como um símbolo de riqueza e dominação.
Aliado a isso, o meio ambiente teve a sua conservação ignorada e foi muito bem pontuada na sala quando foi comentado sobre o momento de choque entre culturas. A indígena voltada para subsistência e manutenção da natureza e a do portugueses para acumular riquezas e consumir os recursos, sem pensar nas implicações disso. Decorridos séculos, as sociedades após a constatação dos impactos ambientais vê-se diante da necessidade de assim como os índios, pensar em consumir os recursos sem colocar em risco o meio ambiente.
Feitas as devidas reflexões sobre os aspectos mundias, finalizamos a aula com o retrato da desigualdade existente no país. Ao se expor a realidade marcada pela miséria de brasileiros que sequer possuem um local apropriado para fazer suas necessidades e/ou a falta de recursos para saciar a fome que insiste em machucar, amedrontar e, por vezes, ceifa vidas, ficou nítido as diferentes oportunidades existentes no país. E, nessa perspectiva, a abordagem de um componente denominado Universidade e contexto planetário mostra-se como primordial para estimular  reflexões acerca do papel que cada um pode desempenhar nesse cenário ainda tão excludente e cientes dessa responsabilidade contribuir com a diminuição de abismos sociais. 
Embora os números revelem uma grande desigualdade, não devem representar a descrença num mundo melhor e mais justo. O geógrafo Milton Santos afirmou que o mundo não é formado apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir. Então, caros colegas, cabe a nós a consciência de uma mudança lenta e gradual que pode se tornar uma realidade a partir das nossas ações.



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Contexto planetário: diário referente as aulas iniciais


Inicialmente, conhecemos a proposta a ser trabalhada no componente. Com suas perspectivas e possíveis caminhos de aprendizagem.
Falamos sobre conceitos, muitas vezes, recorrentes na nossa sociedade e, no entanto, notei que tanto eu quanto alguns colegas apresentamos dificuldades em expor exatamente a forma como tais conceitos como PIB e IDH representam pontos importantes e ainda persistem, em certa medida, mal compreendidos.
Ao discutirmos sobre o capitalismo foi exposto um vídeo que delineava o modo predatório como o homem se apodera da natureza e as possíveis consequências dessa lógica perversa e individualista e nos convidou a refletir sobre nosso papel nesse processo. Acredito que a UFSB ao nos ofertar um CC de Universidade e contexto planetário tendo como um de seus pilares a sustentabilidade busca realmente nos alertar dessa questão tão alarmante no seio social e que carece de indivíduos que tenham a devida compreensão do papel que cada um tem nessa cadeia de destruição sem fim, caso nada seja feito.Ou melhor, tal como exposto no vídeo e talvez de um modo exagerado,mas plenamente possível,uma destruição que o fim acaba com a nossa própria espécie.
Em nosso segundo momento, discutimos acerca do trecho da obra do sociólogo Zygmunt Bauman, A riqueza de poucos beneficia a todos nós?
 O capítulo discutido foi O quanto hoje somos desiguais? Impressionante os dados do quão desigual e perversa é a lógica do capital que rege as sociedades.
Discutimos sobre números que expõem o quanto os ricos tornam-se cada vez mais ricos enquanto pobres tem sua miséria ampliada, negligenciada e ignorada. Tal fato fica explícito nas cidades brasileiras em que a segregação espacial delimita quem deve e pode ocupar os melhores lugares ou não. 
Ainda abordamos a tão propagada meritocracia. Questionamos os ditos "talentos" e merecimento que costumeiramente são expostos na sociedade como forma de questionar a força de vontade e dedicação dos que não conquistam o tão propagado sucesso. 
O historiador Sidney Chalhoub afirmou que a meritocracia é um mito que alimenta as desigualdades. Partindo dessa perspectiva, enquanto houver esse discurso que deslegitima e desconsidera as múltiplas realidades sejam elas de cor e/ou econômica, a discrepância entre os ricos e pobres persistirá como algo natural e até necessário.
No documentário Milton Santos o mundo visto do lado de cá, ele há mais de 10 anos alertou sobre essa oposição tão grande entre os ricos e a maioria esmagadora da humanidade, mas apesar desse diagnóstico nada salutar ele nos convida a pensar na criação de um novo mundo.
É assim que a Universidade Federal do Sul da Bahia ao oportunizar de um modo mais democrático e voltado para a equidade possibilita, entre passos lentos e rápidos, a elaboração de uma nova realidade,um mundo possível e menos desigual.
Termino meu diário com falas do célebre Milton Santos e um trecho desse excelente documentário para convidar a cada leitor desse relato a acreditar nas possibilidades de uma realidade mais justa.
"Nunca na história da humanidade houve condições técnicas e científicas tão adequadas a construir o mundo da dignidade humana.Apenas essas condições foram expropriadas por um punhado de empresas que decidiram construir um mundo perverso. Cabe a nós fazer destas condições materiais a condição material da produção de uma outra política."
"O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir."



https://www.youtube.com/watch?v=ZXdDkDwTUxc


Começos e despedidas

29 de abril de 2019 Após realizadas as devidas observações, diálogos, pesquisas e análise da viabilidade de se propor uma intervenção, nós...